Desenho das constelações Desenho das constelações

O céu sobre as nossas cabeças

Diremos que todas as ciências são fascinantes, porque saber, conhecer como as coisas funcionam ou são, é em si mesmo algo de fascinante. Mas no que toca à astronomia, são poucas as pessoas que permanecem indiferentes quando se aborda. A astronomia explica essa coisa fantástica, que são os pontos brilhantes que pontilham o nosso céu, e ajuda a compreender os movimentos que fazem, a sua origem, a nossa origem.

Especialmente agora, que o Verão finalmente desponta e apetece ficar na rua até mais tarde, o céu exerce sobre nós um fascínio único. Mesmo quem desconhece o que significa cada ponto brilhante, dificilmente fica indiferente ao que exibe a cúpula celeste.

Pontos brilhantes, de um brilho fixo e não cintilante, que se movem lentamente a sul, entre o horizonte e o zénite (ponto mais alto do céu), são provavelmente planetas. Vénus aparece ao cair da noite ou ao raiar do dia. Tem um brilho claro, tão intenso que não raras vezes foi confundido com um «disco voador». Júpiter apresenta um brilho amarelo, tão intenso também que é muitas vezes o ponto mais brilhante do céu. Saturno anda frequentemente perto de Júpiter. Brilha menos, e tem uma cor mais acastanhada. Marte é mais irregular. Apresenta-se em tons de vermelho, mas, dependendo da distância a que se encontra da Terra, pode ser o ponto mais brilhante do céu ou exibir apenas uma luz fraca. Outros planetas são difíceis de ver a olho nu.

As estrelas, por sua vez, apresentam um brilho cintilante. Conhecê-las em pormenor é tarefa que exige tempo sem fim, mas identificar apenas as mais importantes é fácil e acessível a qualquer mortal. Para facilitar a tarefa, os nossos antepassados agruparam as estrelas em constelações, e deram-lhes nomes que lhes eram familiares – a maior parte deles nomes da mitologia. Algumas constelações são difíceis de identificar, mas outras são facilmente distinguidas. A Ursa Maior é a mais fácil de todas, pelo que se costuma começar por aí. Embora, com boa vontade, se consiga ver na constelação uma ursa, é mais frequente conseguir-se identificar uma frigideira, em que o cabo da frigideira é onde os antigos viam o rabo da ursa. Identificada esta constelação, e com a ajuda de um mapa do céu, facilmente se conseguem determinar algumas mais.

Mas não são só estrelas e planetas que se identificam no céu nocturno. Igualmente frequente é verem-se, na actualidade, objectos artificiais. Um ponto brilhante que se move muito rapidamente será um satélite. Se piscar, então trata-se de um avião.

Nas noites claras consegue-se ver ainda parte da nossa galáxia. Uma «nuvem» enorme, branca, que atravessa todo o céu. Isto acontece porque o sistema solar se encontra numa galáxia espiral, que tem vários ramos. Nós encontramo-nos num desses ramos, e nas noites claras conseguimos ver outro ramo «vizinho». Chama-se esta «nuvem» via láctea, ou estrada de S. Tiago.

Quem tiver oportunidade de observar durante algum tempo vai ser ainda, com elevada probabilidade, brindado com alguns meteoritos, as populares «estrelas cadentes». São pedaços de lixo espacial, que se despenham Terra. Durante a queda, em fricção com o ar da atmosfera terrestre, aquecem, incendeiam-se, e muito provavelmente desfazem-se por completo antes de chegar à superfície.

Para uma melhor identificação dos objectos celestes, convém dispor de um mapa do céu. Hoje em dia existe software gratuito, bem como websites, que ajudam nesta tarefa. Um excelente ponto de partida é o website Fourmilab: http://www.fourmilab.ch/yoursky. Outro o http://www.sky-map.org.


A poluição, sempre a poluição!

Cada noite é um espectáculo único, que a natureza nos oferece. No entanto, é cada vez mais difícil desfrutá-lo. Para uma boa observação não basta haver céu limpo: é necessário também que não haja luzes artificiais a interferir com a luz débil dos objectos celestes. Infelizmente, este segundo requisito é cada vez mais difícil de satisfazer. As cidades, as vilas, as aldeias todas dispõem hoje de vastas redes de iluminação pública e privada que desperdiçam quantidades enormes de energia e luz. Pior do que isso: muita dessa luz nem sequer é dirigida exclusivamente para baixo, mas emitida em direcção ao espaço – o pesadelo de qualquer astrónomo!

A poluição luminosa é imensa nos países civilizados, e tem a péssima característica de interferir com observações a várias dezenas, quando não centenas, de quilómetros. De tal forma que, para uma observação com qualidade, é necessário procurar um local tão longe quanto possível de luzes artificiais – e levar muita roupa, porque nas noites claras faz sempre frio, mesmo em pleno Verão.

E, em jeito final, fica o recado: evitem-se as luzes acesas à noite. Poupa-se energia, o ambiente, e os bons céus. Se tiver mesmo de ser, então que seja luz tão direccionada para o chão quanto possível, nunca para o espaço. Os amantes da astronomia agradecem!

 

 

Jornal de Oliveira nº 131, 30 Agosto 2007

 



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Inserido em: 2007-10-18 Última actualização: 2007-12-01

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